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Desde 1999 o projeto Brigada Hip Hop PE, traz os originais ensinamentos da cultura de rua e a preocupação de manter, através de seus elementos, que formam a cultura (Dança, Breakin, DJ, Mc e o Graffiti) uma identidade na construção da cidadania de crianças e adolescentes. O Projeto se inscreve numa linguagem natural, de forte impacto social e de efeito multiplicador, descobrindo e potencionalizando a articulação dos jovens com os movimentos sociais e com a mobilização da cidadania.

domingo, 28 de junho de 2015

A batalha de vencedores do Break, matéria do JC com a RCB...

O break a dança a cultura Hip Hop e mais do que um comportamento e atitude pra vida, e a RCB mostra isso na entrevista cedida ao Jornal do Comercio, que nos trás um pouco dessa histórica crew, de Pernambuco.
de um clique e veja os detalhes.....B-boys travam duelos para, mais do que vencer o oponente, ganhar respeito para a dança que sempre foi marginalizada, materia realizada por Leonardo Vasconcelos ( jornal do comercio).




Kleiton Nascimento mostra toda a agilidade e a versatilidade que um b-boy deve ter em seus movimentos. Quanto mais difíceis, maior a nota que recebe
Kleiton Nascimento mostra toda a agilidade e a versatilidade que um b-boy deve ter em seus movimentos. Quanto mais difíceis, maior a nota que recebe
JC Imagem

Uma competição que ganha quem assiste. Para quem disputa, a vitória já é deixar o corpo ser regido pelas batidas marcantes do break. Um triunfo coletivo de uma cultura que durante muito tempo foi – ou ainda é? – bastante marginalizada. Assim são as batalhas de b-boy (break boy), um duelo de dança que começou no Bronx (bairro de negros e hispânicos de Nova York), na década de 70, e até hoje é travado como afirmação de um estilo próprio das ruas, em todas as partes do mundo, inclusive em Pernambuco.
O break é um dos elementos que compõem o hip hop, junto com o rap e do grafite. Ele tem esse nome porque os praticantes dançavam na “quebrada” da música, mais precisamente nas batidas que os DJs criavam misturando as faixas do vinil. O termo b-boy foi criado pelo DJ jamaicano radicado nos Estados Unidos Kool Herc, para designar o grupo de dançarinos que participavam das festas organizadas por ele no Bronx. Os rachas (battles) de break tiveram origem na disputa entre gangues rivais do bairro.
Desde 1984, a companhia de danças urbanas Recife City Breakers (RCB) vem levantando a bandeira da dança na cidade, além de ensiná-la (ver reportagem ao lado). Em parceria com o projeto Brigada Hip Hop Pernambuco, ela organiza encontros regulares de b-boys em alguns pontos da cidade como os parques Dona Lindu, Jaqueira, 13 de Maio, além do Marco Zero. Eles chegam nos locais, fazem um breve alongamento, ligam um som e, na sequência, colocam os corpos para “quebrar”. Rapidamente, a elasticidade e a técnica dos participantes, aliadas ao ritmo contagiante, vão chamando as pessoas em volta. 
Plateia formada, hora de começar a batalha. No geral, elas são travadas de forma individual ou em grupo de 6 a 10 participantes. A duração média é de 6 minutos. Nesse intervalo, eles mostram suas habilidades em uma área circular de aproximadamente 4 metros quadrados. Cabe aos jurados determinar quem dançou melhor. “Na apresentação são observados os três “f”: O feeling, que é a interpretação dos movimentos, se ele dança com sentimento, o flow em que se analisa o fluxo da coreografia, tudo tem que estar conectado, e o flavor que é o tempero que ele coloca na dança, o modo que gesticula, se comporta e até se veste”, explicou o diretor e coreógrafo da RCB, Marcos Pacheco.
 - Foto: André Nery/JC Imagem
- Foto: André Nery/JC Imagem
Ao assumir o codinome B-boy New Boy, Kleiton Nascimento, 24 anos, sabe que, de fato, se tornou uma nova pessoa. Não só pelos 10 títulos estaduais e regionais que ganhou. “Ganhei um sentido pra vida. O break para mim é mais que uma dança e, sim, um jeito de enxergar o mundo. Quando estou dentro da roda, me sinto realizado”, disse. 
Há vários anos, uma figurinha fácil de se achar nos duelos do Recife é o Jackson de Aguiar Pinto, o B-boy Jackson, um dos mais experientes ainda em atividade com seus 40 anos, idade que definitivamente não aparenta ter devido à energia que mostra. Começou a dançar com 16 anos e, em 2001 e 2002, quando foram organizadas as duas primeiras edições do campeonato pernambucano de break, sagrou-se bicampeão. Outras conquistas, porém, o envaidecem mais. “Nunca consegui viver só da dança então sempre trabalhei como pasteleiro. Todos os valores que aprendi no break levei para dentro de casa. Assim, consegui criar minhas 3 filhas que hoje, graças a Deus, já estão na faculdade”, disse, todo orgulhoso. A batalha que venceu foi a da vida.

A FÁBRICA QUE GERA CIDADÃOS DANÇARINOS

Uma linha de montagem em prol da continuidade do break pernambucano. Assim se pode definir a Fábrica de Dançarinos Urbanos, o projeto mais antigo da Companhia RCB que em 12 anos já formou mais de 70 jovens. Talentos manufaturados em comunidades de baixa renda que são embalados com princípios de respeito e educação até serem entregues prontos, como fazem questão de enfatizar, enquanto “cidadãos dançarinos”.

As aulas duram 4 horas em média e são oferecidas 3 vezes por semana (terças, sábados e domingos) no Clube das Águias, em Boa Viagem. Os participantes têm a partir de 5 anos e vêm de comunidades carentes da Região Metropolitana do Recife. “Nós fazemos questão de fazer uma boa triagem e apostar bastante no diálogo. Sentamos e conversamos com os jovens, depois com os pais ou responsáveis, convidando-os a conhecerem o nosso espaço. Procuramos afastar os jovens dos vícios e fazer com que tenham metas na vida. Estamos preocupados menos em cortar asas e mais em orientar o voo”, explicou o diretor da RCB, Marcos Pacheco, que já viu vários jovens voarem para bem longe depois do treinamento. 

Um deles, inclusive, chegou a se destacar até fora do Brasil. Hugo Henrique da Silva Santos, de 26 anos, ganhou o nome de B-boy Xeque-Mate na fábrica e depois ganhou o mundo. “Tudo começou em 2008 quando fui o único representante do Nordeste no campeonato nacional promovido pela Red Bull no Rio de Janeiro. Chegando lá eu consegui ficar em sétimo lugar entre os 16 melhores do Brasil. Depois, em 2012, pela primeira vez fui competir fora do País no torneio da América Latina realizado na Argentina. Foi quando tive meu melhor resultado ficando em terceiro lugar individual e segundo por grupos”, lembra, com orgulho.

Um dos atuais e mais promissores “produtos” da fábrica é Walmir Oliveira da Silva, 21, o “B-boy Up”. O estudante compara o local a um colégio comum. “É como se fosse uma escola mesmo. Aos poucos vão nos ensinando coisas novas e vamos ficando melhores. Aqui o break é levado a sério de verdade. Sozinho ninguém aprende nada. Meu sonho é fazer meu nome no Recife, quem sabe até ser conhecido fora, e já estou trabalhando para isso”, disse o jovem que não à toa quer dar um “up” em sua vida.

O universo feminino também está representado nesta nova geração. Sempre entrando com charme na roda de dança, Dinian Calazans, 17, se transforma quando está na pele da “B-girl Dinian”. “Deixo a vergonha de lado e me solto. Sensação maravilhosa. A música simplesmente entra de uma forma que o corpo tem que expressar de algum jeito”, resumiu.

Fonte.
http://m.jc.ne10.uol.com.br/canal/suplementos/jc-mais/noticia/2015/06/28/a-batalha-de-vencedores-do-break-187533.php

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